Para dar um pouco de vida a isto, coloco aqui um texto meu que partilhei no meu facebook sobre as reacções xenófobas relativamente aos refugiados:
Sim, meus caros, também vou abordar o tema dos refugiados, sintam-se à vontade para não ler se já estiverem fartos do tema. Tenho visto muitas pessoas a dissertar sobre o tema como se estivessem a apresentar uma tese de mestrado, tal é a certeza com que falam, como se conhecessem todos os factos e os tivessem examinado ao pormenor durante horas e horas de trabalho de pesquisa. Isto é o que parece na forma, e sobretudo na confiança com que dizem tudo e mais alguma coisa, porque no conteúdo, se formos analisar, não há substância nenhuma, só ideias vagas e pouco elaboradas. Tudo ideias fáceis de se desconstruir com um pouco de Sociologia. O que me leva ao seguinte, se há coisa que retiro deste tema é que cada vez mais acho que o ensino básico (ou até mesmo o primário) devia ter uma introdução à Sociologia. É imperativo combater desde cedo o senso comum e todas as falácias que se aprendem nas primeiras socializações.
O que a minha experiência de aluno de Sociologia no secundário, e depois no ensino superior, me ensina, é que só faz sentido ensinar sociologia aos alunos se for mais cedo ainda, pois no secundário já são muitas as barreiras de senso comum e obstáculos ao conhecimento que impedem o aluno de perceber certas coisas que vão contra tudo o que lhe foi ensinado como sendo verdades universais e noções que dá como factos inquestionáveis e como algo que “toda a gente sabe que é assim”. Com essa idade já é muito provável que sejam mais os que acham tudo chato do que aqueles que conseguem apreender algumas coisas e começar a pensar mais nos temas.
Há certas noções sociológicas que deviam ser obrigatórias na formação social de todos os indivíduos. Seria importante o aluno desde cedo ganhar consciência das desigualdades sociais, da luta de classes, ter noções básicas que permitam distinguir o senso comum do que é conhecimento objectivo da realidade, ter acesso a algumas noções que permitam aprender que pátria e nação são meras construções sociais e ficções que servem mais para criar um grupo “nós” e um grupo “outros” do que outra coisa. Estas noções, e mais algumas, seriam extremamente importantes na construção da identidade do indivíduo e assim, certamente que haveria menos gente ignorante a poluir-me o fb lol. Agora a sério, acho que outro debate pertinente que deverá ser lançado por temas como este, é este da Sociologia enquanto ferramenta essencial na educação de um cidadão… faz sentido? Ou nem por isso? Quem quiser entrar no debate já aqui, está à vontade.
Carlos Walgood Santos