Lê-te

Lê-me como quiseres e achares melhor. Aliás, lê-te, pois a leitura que fizeres de mim servirá para fazeres uma leitura de ti. É mentira que os nossos olhos só nos deixam ver os outros. O que acontece realmente é que os nossos olhos só nos deixam ver-nos a interpretar os outros. E sim, os olhos são o espelho da alma, porque o que eles vêem é o que nós somos! Aquilo que vires em mim dir-te-á muito de ti. O que interpretares sobre mim servirá para interpretar algo sobre ti. E quando digo ler digo também ver, quando digo ver digo também ser. Não lês tanto o que digo, mas mais o que dizes do que digo.

Ainda assim, tenta. Pode ser que consigas ler-me mais do que a ti. Se o conseguires, depois conta-me e apresenta-me. Se há coisa que gosto é de conhecer novos eus e ficar horas e horas a conversar com eles até os entender profundamente, até me entender profundamente.

Mas então, se acho menos provável que consigas ler-me realmente, porque é que eu escrevo? Para ao escrever poder ler-me um pouco e para ao leres o que escrevo poderes ler-te! Queres ler? Então, anda, vem ler-te lendo-me, enfim, lê-nos!

Carlos Walgood Santos

2 thoughts on “Lê-te

    • Mais lápis que borracha 18/03/2015 / 02:53

      Muito obrigado pelas palavras 😀

      Já espreitei e é sempre interessante ter acesso a opiniões do sexo oposto sobre estes temas dos 20 e tais eheh. Continua 🙂

      Gostar

Deixe um comentário